segunda-feira, janeiro 18, 2010

Cultura local, mais uma vez, sendo desmerecida

Recebi um email de Rayan Lins, um dos responsáveis pelo Espaço Mundo, um barzinho bem legal do Centro Histórico de João Pessoa e que nos fim de semanas realiza(va) shows de bandas independentes. Vo colocar aqui na íntegra, para vocês lerem.

"Para quem produz shows em João Pessoa (PB), há sempre a preocupação com a presença de um verdadeiro vilão, a Secretaria de Meio Ambiente ou como é comumente conhecida: a SEMAM. Isso independente do bairro ou área de realização do evento, pois a cidade não possui um zoneamento que contemple a produção cultural e o lazer, bastando apenas uma ligação anônima para que os fiscais da secretaria façam uma visita até o evento e obriguem ditatorialmente que o mesmo seja encerrado imediatamente.

E foi exatamente isso que ocorreu na última quinta-feira, dia 14/01/2010, no Espaço Mundo, bairro do Varadouro, Centro Histórico da capital paraibana. Na ocasião estavam acontecendo apresentações das bandas Gauche e Flying Back, quando os fiscais identificados pelos nomes de Campos e Antônio Alves entraram no recinto gesticulando para a banda e dirijindo-se para o palco.

Um dos responsáveis pelo Espaço Mundo, o produtor cultural e músico Rayan Lins os abordou educadamente, se identificando e pedindo para conversar com os fiscais fora do recinto. O pedido foi recebido com resistência pelos fiscais, que gritavam para parar o show imediatamente.

Já fora do recinto, um dos fiscais mostrava-se extremamente irritado, gritando e se negando a explicar a situação e fazer a aferição do som, além de ameaçar chamar a polícia caso o show não fosse encerrado imediatamente. Após muita insistência de que fosse identificado o ponto de denúncia e que a aferição fosse feita de lá, o máximo conseguido foi uma rápida olhadela do outro fiscal no decibelímetro apontado para uma das portas do Espaço Mundo e a ordem: o show tem que acabar agora!

Decepcionado com a tentativa de entender a situação através dos fiscais da SEMAM e preocupado com a possível represália da polícia militar, o responsável pelo espaço não teve outra opção a não ser pedir para a banda para de tocar e acabar com o show. Imediatamente parte do público foi ao encontro dos fiscais, exigindo explicações, que mais uma vez foram negadas pelos mesmos, que ainda demonstraram desdenho e preconceito: “Isso tá errado, não pode! Ainda mais esse tipo de som!”

Para agravar ainda mais, no dia 16/01/2010, sábado, fiscais da SEMAM notificaram não só o Espaço Mundo, como também o Galpão 17 (ex-Candeeiro Encantado), proibindo-os de realizar shows, sob a ameaça de multa caso os espaços voltem a realizar eventos.

Funcionando desde abril de 2009 e filiado das Casas Associadas – Associação Brasileiras das Casas de Shows Independentes – o Espaço Mundo tem capacidade para 200 pessoas e é uma espécie de centro cultural, agregando em sua programação shows, exposições de artes, oficinas e debates, além de funcionar como bar e restaurante, sem nunca ter sido alvo deste tipo de ação repressora.
A gerência do local é do Coletivo Mundo, coletivo de produção cultural formado por artistas, produtores, jornalistas, designers, fotógrafos e outros agentes da cadeia produtiva que trabalham com base na Econômia Solidária para fomentar a produção, divulgação e consumo da cultura independente, em especial da música paraibana.

O Coletivo Mundo já passou por problemas com a secretaria, quando a SEMAM tentou impedir a realização do Festival Mundo 2009 na Usina Cultural Energisa. Neste fato, a única informação passada pela secretaria para a coordenação do festival foi de um horário máximo de 1h da manhã para realização dos shows. O festival foi totalmente adaptado e durante um mês tentou-se conseguir um parecer da SEMAM sobre o evento, parecer este que só veio faltando uma semana para o festival, impedindo a realização do evento. Só depois de muita articulação política, visitas a diversos gabinetes da prefeitura e principalmente com o importante apoio do vereador Bira, é que a coordenação do festival conseguiu a liberação para realizar o evento.

“Não é a primeira vez que este órgão público traz problemas para a realização de eventos e o desenvolvimento da cultura em nossa cidade. João Pessoa necessita de um novo zoneamento urgentemente, para o bem do desenvolvimento artístico e turístico da cidade! E precisa definitivamente reconhecer o Centro Histórico como uma área livre para a cultura” diz Rayan Lins."

Ai, gente, uór! João Pessoa tem pouquíssimas opções culturais - todo fim de semana é aquele dilema "Pra onde iremos?!" - e o centro histórico era uma ótima opção. Agora isso, para literalmente lascar com nossa diversão. Espero que consigam reverter essa situação!

2 comentários:

Nana disse...

virge, q odio desses policiais brutos. nam! e tambem da senam, logico... nao entendo pra que criar esse tumulto, eu hein. ¬¬

Anônimo disse...

Meu amigo! Meu amigo!! Que coisa mais sem nocao. Como assim nao querer dar explicacao?? Isso tah muito estranho.
Béa.